O que fazer em Curitiba – Visita ao Museu do Holocausto

Você conhece a frase dita por Guideon Hansner: “Estou aqui para falar em nome de seis milhões de judeus que não podem se manifestar.”? A visita ao Museu do Holocausto, em Curitiba, faz exatamente isso, mostra aos seus visitantes histórias daqueles que enfrentaram uma perseguição perversa.

Frase de Anne Frank, instalada na área externa do museu – Foto: Paraná Aqui

Inaugurado em 2011, o Museu do Holocausto é o primeiro do Brasil e, apesar de não ser um dos pontos turísticos mais conhecidos de Curitiba, a passagem por lá é obrigatória, não só pela questão de conhecimento, mas também para sermos melhores como seres humanos.

Não sabe o que foi o holocausto? O holocausto, ou Shoah, é considerado um dos maiores genocídios contra a humanidade. Mais de 6 milhões de pessoas foram mortas entre judeus, poloneses, ciganos, negros, homossexuais e comunistas. Quer saber o motivo? Intolerância étnica. Utilizaram a crise dos anos 30 para fazer uma caçada que durou mais de uma década. Durante a visita acontece uma mistura de sentimentos: emoção, indignação e empatia.

Ao contrário da grande maioria dos museus, as visitas ao Museu do Holocausto precisam ser previamente agendadas. E não é apenas pelo tamanho do espaço (cerca de 400 metros quadrados), o principal objetivo é que o visitante possa conhecer – quase que passo a passo – como tudo começou e como algumas pessoas conseguiram sobreviver.


Visitando o Museu

Para entrar no museu – após ter agendado a visita – é preciso mostrar um documento oficial com foto para ter o acesso liberado e não é permitido entrar com bolsas, mochilas e câmeras fotográficas. Também é preciso passar por uma revista com detector de metal, para evitar qualquer tipo de contratempo. Há um guarda volume onde você pode colocar as suas coisas. O celular pode ser levado, mas é proibido fotografar dentro do museu. Fotos somente da área externa.

Liberada a entrada, o primeiro contato é com uma praça onde há várias pedras espalhadas pelo chão (foram trazidas de Jerusalém), que representam um costume judaico de usar pedras, no lugar de flores, como forma de homenagem. O motivo? As pedras permanecem por mais tempo, simbolizando que a saudade é permanente. Também há peças em bronze que relatam ações que aconteceram naquela época. Ao fundo está escrito, em uma parede de pedras, a frase de Anne Frank: “Apesar de tudo, ainda acredito na bondade humana”.

A organização das peças foi tudo muito bem planejado, para que a história seja contada de forma cronológica. Logo na entrada há três painéis que contam, ano a ano, como iniciou o processo de segregação. Só nesta parte se leva em torno de 10 a 15 minutos. Isso se você tiver sorte de não pegar fila. Quando estive lá, eram sete pessoas à minha frente (a fila é pequena, mas como é preciso ler, até chegar sua vez, pode demorar um pouquinho).

Saindo dos painéis, começa a exposição de objetos. Dentro do museu a iluminação a meia luz é proposital e remete àqueles tempos sombrios, ao clima pesado da opressão e da guerra. Na entrada, uma vitrine mostra dezenas de malas.

A pilha de livros que representa uma fogueira, é feita com exemplares de autores que foram perseguidos e tiveram suas obras queimadas. Os livros expostos são originais salvos por aqueles que, de alguma forma, conseguiram resistir ao sistema. O som ambiente é de vidros quebrando, fazendo com que o visitante fique concentrado durante o período em que estiver no local.

Ao contrário do que algumas pessoas possam pensar, nenhum povo que é escravizado e/ou perseguido aceita a situação. Sempre há resistência. Sempre! E o caminho percorrido nos mostra essa resistência. Há histórias de pessoas que lutaram para sobreviver, lutando não só contra a sua captura, mas também contra a fome, o frio e as doenças que os acometiam pela baixa imunidade causada pela má alimentação e pelos lugares insalubres que estavam.

A grande maioria do acervo foram doados por familiares de sobreviventes ou vieram de outras instituições. Há documentos, objetos, fotos e também um pedaço do livro sagrado dos judeus, o Torá, que foi salvo durante a Noite dos Cristais.

Noite dos Cristais: a data ocorreu entre os dias 09 e 10 novembro de 1938, com a destruição de patrimônios judaicos. Os números giram em torno de 250 sinagogas queimadas, 7 mil estabelecimentos de famílias judias foram destruídos e quase uma centena de judeus foram mortos. O nome, A Noite dos Cristais, é uma referência às vidraças e janelas estilhaçadas.


Interatividade

Vivemos em uma era digital e interativa e o museu, mais uma vez, não decepciona. Entre as inúmeras formas de acessar o conteúdo, há telas onde são passadas entrevistas com sobreviventes do Holocausto que imigraram para o Brasil. Eles relatam histórias da perseguição e da guerra, do dia em que foram liberados dos campos de concentração e como conseguiram chegar até o Brasil. Telas sensíveis ao toque permitem que você explore os quatro maiores guetos nazistas. O conteúdo histórico começa um pouco antes da Segunda Guerra Mundial (lá pelo ano de 1933) até a chegada de imigrantes no Paraná.

Imagem que representa o povo judeu no centro de concentração – Foto: Paraná Aqui

Engana-se quem pensa que o museu fica preso apenas a sua própria dor. No local há uma parede com diferentes tipos de violências contra a humanidade no mundo, como o Massacre do Carandiru e a Chacina da Candelária.

Infelizmente, as violências e perseguições contra as minorias continuam acontecendo, o que nos leva a deduzir que o ser humano não aprendeu muita coisa com o passado. Respeito e tolerância são alguns dos requisitos imprescindíveis para uma vida de paz.


Justos Entre as Nações

Os judeus não foram os únicos a resistirem ao antissemitismo, muitas pessoas não judias arriscaram suas vidas para salvar aqueles que estavam sendo perseguidos. Essas pessoas são chamadas de os Justos entre as Nações.

Poema sobre a resistência – Foto: Paraná Aqui

Entre tantas pessoas que ajudaram há dois brasileiros. Uma delas é Aracy de Carvalho Guimarães Rosaesposa do escritor Guimarães Rosa – que trabalhava na embaixada do Brasil em território alemão e emitia vistos e passaporte para judeus, em uma época em que o Brasil restringia a entrada de judeus no país. As histórias relatam como essas pessoas se arriscavam para fazer a coisa certa: a de salvar vidas.


Informações importantes

  • As visitas são gratuitas e devem ser previamente agendadas no site do Museu do Holocausto;
  • A visita ao museu só é permitida para maiores de 12 anos;
  • Não é permitido fotografar dentro do museu.

Quer saber mais sobre o turismo em Curitiba. Uma das opções é utilizar a Linha de Turismo, que passa por 26 pontos turísticos da capital paranaense. –

One thought on “O que fazer em Curitiba – Visita ao Museu do Holocausto

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *